Às margens do Rio Nhundiaquara, as panelas de barro estão recheadas com o que há de melhor nessa terra, o barreado. Aqui o tempo parece demorar a passar, e talvez demore mesmo.
Morretes é uma cidade do século XVI que em plena era moderna preserva uma atmosfera de paz e de ritmo próprio. Passear pelas ruas de paralelepípedo em meio aos coloridos e preservados casarões coloniais é voltar em um tempo em que a tranquilidade era a protagonista.
Aqui, o que se escuta é o som das águas do rio que corta a cidade e das centenas de pássaros que moram na Praça do Coreto. E se está por aí, saiba que tudo de importante na cidade acontece em torno dessa praça ou entre o lado de lá e de cá do Rio Nhundiaquara.
Em uma lenta e deliciosa caminhada verá feirinhas recheadas com o souvenir da casa, as balas de banana (não perca!), tem também a cantoria dos bolivianos (na alta temporada) e muitos restaurantes.
Os Sabores de Morretes
E é lá, nos restaurantes espalhados pela velha Morretes que o prato típico da região, o barreado, é servido. A receita de herança portuguesa é carro chefe das delícias gastronômicas da cidade e há 300 anos é feita da mesma maneira.
O lado rústico e artesanal do prato faz com que muitos viajantes peguem a estrada no fim de semana só para provar essa iguaria. É só perguntar para um paranaense da região.
É da terrinha
A panela de barro fechada com folha de bananeira e uma mistura de cinza, farinha de mandioca e água fervendo carrega em seu interior uma miscelânea de sabores que caminham entre a carne desfiada, o sabor defumado do toucinho e tantas outras especiarias. Doze horas de cozimento depois, uma folha de bananeira bem escura e está pronto para servir. E serve-se assim: com farinha de mandioca no fundo do prato, o barreado, banana, laranja e arroz. A bebida fica por conta dos mais fortes, batida ou a premiada cachaça morretiana.
A premiada Cachaça
Começou a ser produzida no século 18 e hoje, com 15 alambiques, exporta para Estados Unidos, Canadá e Suíça. Algumas cachaçarias, como a Porto Morretes, a primeira colocada no Ranking da Cúpula da Cachaça, abrem as portas para os curiosos conhecerem um pouco da arte da destilação e seus processos.
E se o barreado faz sucesso como prato principal a bala de banana (olha ela aí de novo!) é a sobremesa ideal para fechar com chave de ouro. Encontrada nas barraquinhas de feira, lojas de artesanato e nos restaurantes – da “molinha” à mais “durinha”, tem para todos os gostos.
Perambulando por Morretes
A pequena cidade oferece um roteiro de caminhadas leves e despretensiosas. Algo que parece ter sido feito de propósito. Na Rua do Comércio, localizada no centro histórico, muita coisa acontece por ali, mas são nas lojas de artesanato que os mimos da terra poderão ser encontrados. Artesanato em madeira, aço, cobre, porcelana e tantas outras matérias primas trabalhadas pelos artesãos da região.
Se seguir a rua do comércio no sentido oposto à Praça do Coreto logo chegará na Paróquia Nossa Senhora do Porto – um dos locais mais visitados da cidade. Construída na Era do comércio da erva mate a preservada igreja está localizada em uma pequena colina. Como Morretes não possui prédios altos o destaque da torre rende boas fotos da cidade. Perto dali, na Rua Coronel Modesto, ao final dela, existe uma pequena praça a beira do Rio, o trajeto é marcado por casinhas coloridas e muito sossego.
Outra igreja que vale a pena é a de São Benedito, construída em 1760 e fundada pela Irmandade de São Benedito. Aberta a todos àqueles que quisessem, por suas devoções, pertencer a ela. Na época, escravos, pessoas livres e administradores. Nas redondezas, restaurantes, feira livre e a Ponte de Ferro que liga a Velha Morretes com o lado de lá. E do lado de lá tem bons restaurantes – a maioria com mesinhas a beira do rio e lojas de artesanato.
No Paraná, a querida e encantadora Morretes tem agrados e prazeres para a alma e para o paladar. Ela é a casa da premiada cachaça morretiana, dos casarões antigos e para os amantes da natureza, é prato cheio, de preferência, de barreado, prato típico da região.
Photos: Offtotravel / Bigstock
A curtição já começa no trajeto
O que encanta em Morretes não é apenas o apelo histórico, sua culinária ou sua aura de paz. Os caminhos que levam a ela também fazem parte. São três formas e todas elas com uma beleza diferente.
Se quer algo direto ao ponto, descer a serra a Serra do Mar pela BR-277 é uma boa pedida. Bem sinalizada, com restaurantes e barracas na beira da estrada. O trajeto todo não leva mais de uma hora.
Se quer algo histórico e mais contemplativo, a Serra da Graciosa é a escolha ideal. Com seu pavimento até hoje em paralelepípedo, desce serpenteando a Serra do Mar, com vários pontos de parada em seu caminho, com mirantes de encher os olhos e churrasqueiras em meio à mata. Em seu trajeto, o cheiro de mata molhada e a beira da estrada coberta de Marias-sem-Vergonha são experiências sensoriais revigorantes.
Se é sua primeira vez em Morretes (ou a milésima e nunca fez!) e quer algo realmente memorável, do tipo tem que ter no roteiro de viagem, a grande dica é percorrer o trajeto de trem.
Um roteiro histórico passando por uma das áreas mais preservadas de Mata Atlântica do país, a ferrovia tem trechos incríveis onde o trem parece estar flutuando sobre a montanha! Aliás, a dobradinha conhecer Morretes e o roteiro de trem é sucesso na certa.
São 3 horas de viagem com saídas diárias Curitiba/Morretes e Morretes/Curitiba.
O playground para os amantes da natureza – arredores de Morretes
O Off preparou uma lista dos lugares mais conhecidos – os hits da cidade em ecoturismo. Mas não se prenda a eles, o espaço verde é imenso. Explore!
Estações ecológicas se levantam em meio ao verde de beleza exagerada e são entrecortadas por cachoeiras e rios de água gelada. Está ouvindo? É a aventura chegando a galope.
Há passeios que você poderá fazer por conta e tantos outros que será recomendável acompanhamento de um guia. A Calango Expedições é uma delas com Cicloturismo, Canoagem, Rafting, Boia Cross, Passeio 4X4, Trilhas e Montanhismo.
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