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Tudo, tudo na Bahia Faz a gente querer bem A Bahia tem um jeito, Que nenhuma terra tem! Dorival Caymmi


Salvador Poucos sabem, mas apesar do país ter se tornado independente em 7 de setembro, a luta contra as forças portuguesas continuou para o Estado da Bahia até 2 de julho do ano seguinte. A Batalha do Pirajá, o conflito mais importante da região liderada pelo General Labatut teve na figura do Corneteiro Luís Lopes o sucesso para o confronto contra os portugueses. Praticamente derrotados, Labatut, para evitar a morte certa de seus soldados, chamou o corneteiro e ordenou toque de retirada; de infeliz a herói o corneteiro, não se sabe porque cargas d’ água, tocou “avançar cavalaria”. Confusas e apavoradas, as tropas portuguesas logo recuaram em debandada entregando as armas em rendição incondicional. Um Viva, estava proclamada a independência da Bahia. 

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E é com esse olhar, de histórias omitidas e detalhes que passam desapercebidos que a capital da alegria e a Roma Negra precisa ser desbravada. Os sobrados triviais do Pelourinho literalmente incrustados na paisagem com ruelas sinuosas e becos é repleta de bugigangas de viagem mais em conta que fogem do esquema Pega Turista do Mercado Modelo, lembre-se disso. E já que está no ponto nevrálgico de Salvador fique por aí e espere alguns segundos – certamente as rodas de capoeira, baianas típicas e os batuques dos afroxés aparecerão para fazer a graça do dia, aqui é assim, faz parte do cotidiano.

E como a Bahia não exclui, seja rico, pobre, capitalista ou vagabundo, o sincretismo anda solto e todo mundo tem seu santo por aqui. E para quem tem, o Dique do Tororó e os 372 templos católicos são espaços para homenagens e o culto a fé. E não sendo de santo ou não gostando a Rua da Misericórdia e do Bonfim tem ateliês e museus.

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Embora a natureza tudo aceite em seu azeite logo perceberá que a capital colorida, de cultura singular e sabores inigualáveis é também a cidade dos congestionamentos e da abordagem insistente dos guias e vendedores  ambulantes. E  se existe dica para isso essa é a mãe de todas elas – NÃO entre no conto das fitinhas do Sr do Bonfim, quando menos perceber as três voltas da fita já estarão no seu pulso e o vendedor com dedo em riste estará cobrando por ela, pratica esta que já contaminou todo o Estado, infelizmente.

Tour pelo Pelô – Salvador

As ladeiras ao estilo pé de moleque serpenteiam uma Salvador que parou no tempo. As igrejas dos séculos 17 e 18, casarões coloridos, restaurantes e ateliês de artistas da terra se mostram em meio aos ensaios e batuques do Olodum e rodas de capoeira na Praça da Sé. Perambular por aqui é estar atento o tempo todo, não andar com nada valioso a mostra e com pouco dinheiro são dicas preciosas. Atento a isso é só aproveitar. As Ruas São Francisco, Laranjeiras e José Gonçalves abrigam boa parte das igrejas católicas; destaque merecido para a atração eclesiástica cinco estrelas do roteiro – Igreja e Convento de São Francisco, com riqueza de detalhes e forrada de ouro. O templo construído com recursos do Rei de Portugal e dos fiéis possui algumas dicas – evitar os horários de missa (a entrada é grátis, mas é proibido circular pela igreja e o pátio de azulejos) e fotos internas estão proibidas, por isso use e abuse dos registros fotográficos na parte externa.

Se quer arte a um preço justo a Rua Maciel de Baixo continuação com Gregório de Matos concentra boa parte dos ateliês e lojas de artesanato. Mais da Bahia? As típicas baianas com saias rodadas e turbante na cabeça costumam caminhar pela região do Mercado Modelo e Pelourinho e tiram fotos (mediante pagamento) com os turistas que passam por ali. 

+ Vai viajar pela Bahia? Que tal dicas de Morro de São Paulo?

Os Sabores de Salvador

A cozinha baiana é tão eclética quanto seus ritos de fé. Moqueca, Lambreta, Bobó, Acarajés, Cocadas e o vigoroso Caruru são alguns dos pratos típicos que estarão sempre acompanhados do arretado molho de pimenta – que bem-dito é feito de forma artesanal e cada casa tem o seu. Na moderna Salvador os bairros Pituba e Caminho das Árvores tem bons restaurantes com escondidinhos de banana da terra e bobós de primeira. Em Santo Antônio tem a melhor carne seca com aipim e no bairro da Cabula a moqueca tem toque de pitanga e amora na receita. O tem que ter no cardápio de viagem, o famoso acarajé pode ser encontrado aos montes, mas o da Cira e do Perinni ganham vantagem. Algo mais rústico e que vale a pena são as barraquinhas de rua com frutas exóticas e sucos adoçados somente com o doce sabor das frutas – Siriguela, Mangaba, Cajá, Umbu, Graviolas e Jenipapo são algumas frutas que podem ser encontradas pela capital. Não deixe de experimentar os sucos e sorvetes das frutas Mangaba, Cajá e Graviola, são uma delícia. 

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Na Bahia não se fala português, fala baianês!

Na contra- capa do dicionário uma verdade contada por Manuel Bandeira

“A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros vinha da boca do povo na língua errada do povo língua certa do povo. Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil”.  Muito mais do que um conjunto de gírias, palavras ou verbetes o pequeno Dicionário de Baianês de Nivaldo Lariú é um apanhado precioso da rica cultura de sua gente. Indispensável para uma boa conversa em baianês, engraçadíssimo como material de leitura.